Intervenção da WaterAid

As intervenções da WaterAid na Zambézia visam alcançar mais de duas mil famílias, equivalentes a mais de dez mil pessoas, com kits essenciais de higiene e dignidade, incluindo produtos de purificação de água, reabilitação de pontos de água, construção de latrinas e promoção de boas práticas de higiene para a população afectada.

1. Assistência de emergência: como resposta imediata, as intervenções propostas visam aliviar o sofrimento das comunidades pouco servidas da Província da Zambézia, principalmente as atingidas pelo ciclone e algumas áreas isoladas, nomeadamente, através da provisão de assistência para salvação de vidas, tais como provisão de água limpa, purificadores de água (Certeza), latrinas e promoção de boas práticas de higiene e de acesso a instalações de saneamento (auto-construção de latrinas e aterros);

2. Assistência à médio prazo: A médio prazo, as intervenções propostas visam apoiar a recuperação das comunidades afectadas pelo ciclone através da reconstrução das instalações de Água, Saneamento e Higiene (ASH), incluindo a construção/reabilitação de pontos de água, instalações sanitárias e promoção da higiene. Durante esta fase, também será reforçada a capacidade dos parceiros e comunidades locais para assegurar a sustentabilidade dos serviços e infra-estruturas de ASH nas zonas afectadas pelas inundações.

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Acções em curso

Para garantir a sensibilização das populações nas áreas escolhidas, 23 mobilizadores comunitários foram formados pelo projecto. No Distrito de Mocuba, as intervenções desta organização com fins não lucrativos estão concentrados nos bairros de Naverua 1 e 2 e Lazi, somando um total de 138 famílias abrangidas. Os bairros de Naverua 1 e 2 foram estabelecidos em 2015, como zonas de reassentamento, depois das cheias do Rio Licungo. Já no Distrito de Luabo, a WaterAid, cuja missão é alcançar a todos em todo o lugar, com água, saneamento e higiene, tem o seu foco para a remota Ilha Salia, as comunidades de Socovinho e Gunda, na parte territorial.

Na Ilha Salia, por exemplo, foram abrangidas 1130 famílias com kits de higiene pessoal, está em curso a reabilitação de nove fontes de água e, simultaneamente, decorrem acções de sensibilização das comunidades para a mudança de comportamento nas práticas de higiene.

Fontes de água já funcional na Ilha Salia
Nove fontes de água foram reabilitadas pela WaterAid na Ilha Salia
Image: WaterAid/Arão Valoi

Na parte terrestre do distrito, ou seja, em Socovinho e Gunda, as acções visam ajudar, não só as comunidades, mas também escolas e hospitais. Com efeito, as escolas primária do 1º e 2º grau de Gunda e Socovinho vão beneficar- se, cada uma, da construção de um sanitário com quatro compartimentos, bem como da reabilitação de fontes de água. O mesmo vai acontecer com a Unidade Sanitária de Socovinho.

Nos arredores de Quelimane, os bairros escolhidos foram Manhaua, Icídua e Maquival. Os três contam com um total de 714 famílias.

Estudo de caso

Resposta à emergência
Image: WaterAid/Arão Valoi

Joaquina Manuel, 35 anos de idade, é residente na Comunidade de Naverua 1, em Mocuba, Zambézia. Casada com Carlos Armando, 41 anos, Joaquina é mãe de uma filha, actualmente residente em Mopeia, na mesma Província. O casal dedica-se à produção agrícola nas terras férteis banhadas pelo Rio Licungo e produzem arroz, mandioca, milho, feijão nhemba, amendoím e verduras. A produção é maioritariamente para o consumo, porém, há casos em que vendem os excedentes. Naverua 1 é, de resto, uma das várias comunidades de Mocuba que sofreu os efeitos do Ciclone Idai.

, conta Joaquina.

Naveurua 1 é um bairro de reassentamento que foi criado em 2015 aquando das cheias do Rio Licungo. Antes, Joaquina residia num bairro chamado Costa do Sol. Porém, afirma que a vida é melhor no novo bairro, tendo em conta que Costa do Sol era uma zona baixa, de muito risco. Além disso, no novo bairro, tem energia e água por perto.

“Gostei muito de terem aberto um furo de água perto da minha casa. São dez metros e já tenho água. Estou muito feliz. Mesmo numa situação de doença, é fácil pedir alguém ir tirar água para mim”. Mas além da água, Joaquina diz que tem tido atenção da Cristina Alberto, uma jovem de 27 anos que trabalha como mobilizadora comunitária no âmbito do projecto.

“Tenho estado a receber visitas constantes da mobilizadora. Ela nos ensina sobre muitos assuntos, por exemplo, lavagem das mãos, cuidados com os alimentos e água, construção de latrinas, tratamento do lixo, entre outros”.

Fonte de água
A WaterAid abriu esta fonte de água perto da casa da Joaquina Manuel. Ela terá água por perto.
Image: WaterAid/Arão Valoi

Além de seguir rigorasamente os ensinamentos, Joaquina obriga o marido a fazé-lo: “Sempre lhe lembro que temos de usar o purificador de água (certeza) que recebemos no kit de higiene individual. Ainda resta-me um dos dois frascos que recebemos. No kit também tinha balde, calcinhas, capulanas, pasta dentífrica, entre outros elementos que nos ajudaram muito”.

Joaquina já tem uma nova latrina que diz ter construído como resultado das palestras da mobilizadora. Igualmente, tem o sistema tippy-tapy instalado logo na entrada que dá acesso à latrina.

Um exemplo a seguir na comunidade

Naverua 1
Cristina Alberto, 27, é a mobilizadora comunitária que está a ajudar a mudar a vida da senhora Joaquina.
Image: WaterAid/Arão Valoi

Para a mobilizadora Cristina Alberto, a Joaquina é um exemplo a seguir na comunidade, sobretudo tendo em conta que a resistência à mudança que ainda reina em algumas famílias.

Há, por exemplo, famílias que ainda não possuem latrina, embora poucas”, disse ela. Cristina é residente de Naverua 1 desde 2015. Ela foi eleita pelos representantes da comunidade para integrar o grupo de 23 mobilizadores formados pela WaterAid no âmbito do projecto.

O comportamento exemplar na comunidade terá pesado para a sua eleição. Na sua pouca experiência consta a passagem pelo Comité de Água que era responsável pela gestão de duas fontes.

“O meu trabalho tem tido resultados interessantes. Vejo que as pessoas me compreendem e muitas já adoptaram as boas práticas. Espero que continuem assim. O meu desafio é fazer com que as poucas que ainda resistem também sigam o exemplo dos outros e passem a introduzir medidas de higiene nas suas casas”.

O trabalho da Cristina é também reconhecido pela Marta Rassul, Chefe do Centro de Reassentamento. Marta Rassul diz que a mobilizadora dignifica a comunidade de Naverua 1 e, por isso, merece o respeito de todos.

Sanitation
Zacarias Joaquim, 30 anos, é um dos que ainda estão em processo de construção das respectivas latrinas, depois de sensibilizados pelos mobilizadores comunitários.
Image: WaterAid/Arão Valoi

Já em Naverua 2, outro bairro de reassentamento também estabelecido em 2015, foram 23 as casas que caíram com a passagem do ciclone, enquanto 18 latrinas ficaram danificadas. Aqui há também há relatos de contaminação do único furo de água antes existente e que será agora reabilitado pela WaterAid.